Largou-se na cama. Deixou a temperatura aumentar e diminuir conforme o clima desejava. Tinha seus olhos fixos na janela, mas os pensamentos muito além dela. Abraçada a si mesma, bagunçada, com as alças de sua blusa caídas em seus ombros, ela estava lutando. Sozinha. Em silêncio. Consigo mesma, contra seus sentimentos. Contra quem realmente era. Contra o que queria se tornar, e contra o que queriam que ela se tornasse.
Era sempre uma guerra. Ela nunca encontrava paz em si mesma. Nunca sabia como organizar-se. Como encontrar-se. As palavras alheias pareciam simples quando pronunciadas, e até faziam-na pensar que realmente fosse tão fácil assim. Mas nunca fora, por que seria agora?
Passava os dedos repetidas vezes entre seus cabelos. Tentando esconder a dor de si mesma. Apertando os olhos para que as lágrimas caíssem ligeiramente, como se elas fossem cessar na mesma velocidade em que escorriam em seu rosto. Mas não estava acontecendo da forma como ela queria. Nada, na verdade, estava ocorrendo da forma como ela desejou. E isso a fazia se sentir como coisa nenhuma. Simples assim: Uma negação frágil.
Apertava sua cabeça, encolhia-se contra a parede, e enfiava descontroladamente todos os tipos de pensamentos que a fizessem esquecer a dor. Tentava ao máximo consolar-se. Desejava depender dela mesma, ser feliz por ela mesma. Porém, os pensamentos de que isso já havia ocorrido centenas de vezes, só fazia sua ferida abrir-se mais. E conforme abria, ela tentava curar a ferida passando sonhos e palavras positivas por cima dela. O que só fazia arder em maior grau. Era como passar álcool em uma ferida aberta.
Encontrava-se assim: Ferida. Todos os dias, sem nenhuma exceção. Apenas estava escondendo com a sua quietude e frieza. Ou até mesmo, com seu pseudo divertimento.
Mas estava tentando. Sempre estava.